terça-feira, 16 de setembro de 2008

Tupinambá or Tupiniquim

Canção em tributo à nação Tupinambá que vivia no litoral (paulista) na época do descobrimento, e foi comida dos brancos colonizadores.

TUPINAMBÁ OR TUPINIQUIM!

Quanta canoa tinha por aqui!
O beija-flor beijava a boca do cantador!

Tupinambá or tupiniquim!
Tupinambá or tupiniquim!

Salve Aimberê, salve Aimberê,
Nestas matas onde anda você?
Salve Coaquira, salve coaquira,
Deste fogo qual é a sua pira?

Cunha, cunhã? Cunhambebe.
Não bebe saquê, só bebia cauim!

E tantos braços de remador,
E tantos arcos de atirador!...

Dente de tubarão
Espanta a gente que vem lá
Não deixa perós, peraí.
Ele vem me acabar!

Já que flecha enverga e quebra
e da boca do marimbondo fogo me queima!

Ó lua me leva eu, ó lua me leva
Ó lua nova leva eu, venha me levar!

Tupinambá or tupiniquim!
Tupinambá or tupiniquim!

de Bado Todão


(veio uns hôme de saia preta
cheio de caixinha e pó branco,
que eles disserum que era açucre!
Aí eles falarum e nós fechamo a cara,
Depois eles arrepitirum e nós fechamo o corpo,
Então eles insitirum e nós comemo eles!)
de Chacal



A 1ª Confederação das Américas

PS.: em 1554, para lutar contra o jugo dos portugueses que escravizavam e matavam muitos índios, Aimberê, chefe tupinambá reuniu várias tribos e nações indígenas para resistir à ocupação portuguesa no litoral . Essa reunião chamou-se "Confederação dos Tamoios".
Em sua primeira fase foi escolhido para chefiar a luta o morubixaba Cunhambebe - chefe da aldeia tupinambá na região onde hoje é Angra dos Reis - este grande e temido chefe morreu com varíola pelo contato com os franceses que trocavam armas de fogo com pau-brasil, auxiliando os índios na guerra. Com a morte de Cunhambebe, o próprio Aimberê encarregou-se da chefia da confederação até o seu término em 1567.
Outros chefes também foram importantes nesta revolta: Koaquira - chefe tupinambá da aldeia de Iperoig, onde hoje fica Ubatuba; Pindobuçu - chefe de outra aldeia tupinambá no Rio de Janeiro; Araraí - chefe dos índios guaianá; além de outras nações como os goitaká e os aimoré.
Os índios que moravam na beira do mar naquele tempo, eram: Os tupiniquim, os potiguar, os kaeté, os aimoré, os tupinikim, os goitaká, os temiminó, os tamoio, os tupi, os goiana, os guarani e os karijó.
Mesmo depois da negociação de paz maestrada pelos jezuítas Padre Nóbrega e José de Anchieta, que garantiu por algum tempo a paz entre índios e portugueses, a guerra retornou, por motivos políticos e de interesses de exploração econômica por parte da côrte portuguesa, muitas nações índigenas foram massacradas e dizimadas pelas tropas portuguesas, como foi o caso da aldeia de Uruçumirim de Aimberê, onde Estácio de Sá, (sobrinho de Mem de Sá, então governador das terras brasileiras) fez a cidade que se chamou São Sebastião do Rio de Janeiro.

Escuitái Nhô-Nhô Contá

Outro momento caiçarado:

ESCUITÁI NHÔ-NHÔ CONTÁ
(canção em ritmo: Caboclinho)

Barrê a pomonga... (1)*

Mandioca no terreiro
Taioba, inhame e cará
Bemtevi na fruteira
Saíra, tiê e sabiá.

O limão no limoeiro (o cravo)
Pão, abil e araçá!

Pinchá rede no mar... (2)*

A canoinha na areia
Balaio, anzol, samburá
Pescador no pesqueiro
Corvina, garoupa e guaiá.

A gaivota passeia
Aqui, ali e acolá!

Zanzá no lagamar... (3)*

Vem de lá do estrangeiro
Rumor do mundo acabar
Aqui a vida mareia
caranguejo e sapinhoá.

A prosa lá no vendeiro
Histórias pra se falar!

Escuitái Nhô-Nhô Contá... (4)*

A nódoa na bananeira
Punhal, noite e luar
Visita no galinheiro
Cobra, lobisomem ou gambá

A xiba na sexta-feira
Depois um banho de mar!


de Bado Todão


[* TERMOS CAIÇARAS :
(1) barrê: varrer / pomonga: tufo de fuligem , linhas, algodão, muito comum por debaixo das camas nas casas caiçaras.
(2) pinchá: jogar, atirar / rede: malha de pesca
(3)zanzá: zanzar, passear, andar / lagamar: lugar na maré vazante em que concentrando-se pequenas poças de água na praia.
(4) escuitái: escute, ouça / nhô-nhô: avô, vovô / contá: contar]

Em Caiçarês

Um jeito de cantar a poesia caiçara.

"Nas horas de desalento,
- que eu nem sei explicar -
entediado da vida
procuro então disfarçar.
Sozinho no meu barquinho,
deslizo por sobre o mar.
Então eu conto às vagas,
as mágoas do coração.
Desabafo minha queixas
em uma terna canção,
chego a trocar o meu barco,
pelo som de um violão..."

do poeta Anilade, pescador da praia do Itaguá
(amigo da também poeta caiçara Idalina Graça)

Picinguaba

O mar desenhando ondas mestiças
num verão úmido
num inverno seco
num chão intrínseco
que dá mandioca, cará e inhame
e um povo ( *)
que sabe pescar!

Bado

*Já privado da sua indolência


(do livro As Palavras Que Eu Conheço - 1992)

Momento Xissss na Romênia


Po(u)samos para a foto: Beth, Lígia, eu. A Virgínia, o Napão e o Esteban. A Sibiu da Menina Florista e dos casarões com olhos nos tetos a observar-nos.